O uso do ensino a distância, autorizado esta semana pelo Conselho Estadual de Educação de São Paulo para 20% da carga horária das escolas paulistas, já é utilizado em atividades complementares nas instituições particulares, como eventos culturais e recuperação paralela, por exemplo. Quem afirma é a pedagoga e pesquisadora de tecnologia no laboratório de ensino a distância da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Rita Maria Lino Tarcia, presidente do Conselho Fiscal da Associação Brasileira de Educação a Distância (Abed). A norma autoriza que as escolas adotem essa modalidade de ensino também na grade curricular regular. "Ainda não fomos procurados pelas escolas particulares, até porque a deliberação é muito recente. Mas acreditamos que haverá procura", explica Rita Maria.
A norma foi estabelecida no artigo quarto da Deliberação Número 77 do Conselho Estadual de Educação. Segundo a Secretaria de Estado de Educação, a rede pública não adotará a medida, por considerar indispensável a presença do professor nas aulas. Contudo, a resolução permite que as escolas particulares adotem o método a partir da proposta pedagógica para o ano que vem. Para a pesquisadora, a deliberação é muito positiva, desde que as escolas tenham uma preocupação de utilizar a ferramenta para melhorar o ensino. Ela faz também uma advertência: "Não se pode adotar o ensino a distância como forma de redução de custos. Quem fizer isso comete um erro, mas não seria culpa da resolução."
Para a pesquisadora, as críticas ao ensino a distância são exageradas. "A tecnologia sozinha não faz educação, mas é um recurso a mais para potencializar o ensino. Temos de pensar que o aluno hoje está acostumado com o uso da tecnologia, ele tem familiaridade. Assim, o professor pode até utilizar ferramentas que, na aula presencial, ele não poderia", explica.
Segundo Maria Rita, a Abed não trabalha com uma "fórmula pronta" sobre a adoção do ensino a distância, mas tem condições de orientar as escolas com o interesse de utilizar a modalidade em sua grande curricular. "Temos diversos estudos científicos sobre o tema. As escolas devem buscar o caminho, mas é preciso investir na capacitação dos professores para que o ensino a distância seja feito com qualidade", aponta.
G1
24 de outubro de 2.008
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