A falta de professores em sala de aula para disciplinas específicas como filosofia, sociologia, física e química é resultado da desvalorização da carreira do magistério. A avaliação foi feita pela diretora da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), Juçara Vieira, em entrevista à Agência Brasil.
“Nós temos esse problema na educação brasileira que é o afastamento da juventude da área de formação em educação. Os cursos de pedagogia e outros da área da licenciatura não têm atraído a juventude”, afirmou a educadora.
O Congresso Nacional aprovou duas leis que incluem, no currículo da educação básica, as disciplinas de música, filosofia e sociologia. Mas a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Ensino Superior (Capes) já apontou em estudo que não há profissionais suficientes para atender a nova demanda. Como já acontece com a física e com a química, será necessário colocar em sala de aula professores formados em áreas correlatas, como história e ciência política.
“Isso é comum e lamentável porque em outras áreas não se improvisa. Não se improvisa na medicina, não se improvisa na engenharia e não se pode improvisar na educação. Às vezes, a pessoa [professor] tem a maior boa vontade, mas não domina aquele conteúdo, é importante que o profissional seja devidamente habilitado para aquele componente curricular”, observou Juçara.
Para a representante da CNTE, a aprovação do piso salarial nacional dos professores, no último dia 2, pode fazer com que a carreira volte a ser atraente. Mas ela alerta que é necessário um “amplo esforço” para garantir a formação em instituições públicas de ensino superior.
“Como os salários são baixos, cria-se um círculo vicioso: as pessoas não estudam porque têm baixos salários e não há vagas suficientes nas universidade públicas. E, não estudando, elas também não qualificam a educação”, concluiu.
Segundo Juçara, as iniciativas do governo federal para ampliar a formação de profissionais na rede pública de ensino superior ainda são insuficientes. Ela avaliou que a “pulverização de disciplinas”, não necessariamente, implica em melhoria da educação e acaba gerando uma demanda de profissionais que, nem sempre, estão disponíveis. Para a educadora, há um excesso de projetos de lei para criar novos componentes curriculares.
“Nós acreditamos que se a escola tiver uma grande autonomia em relação ao currículo, ela pode inserir o conteúdo sem criar novas disciplinas. Fragmentar o currículo não significa avançar na educação”, opinou.
A inclusão de novos componentes deve também respeitar as necessidades de cada região, de acordo com Juçara. “Em uma comunidade fronteira, é interessante que se invista em línguas estrangeiras.”
Fonte: Agência Brasil
JC Online
Recife - PE
27 de junho de 2.008
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