Amanda Cieglinski, Agência Brasil
BRASÍLIA - Nessa semana, cerca de dois mil prefeitos reuniram-se em Brasília para as comemorações de um ano do Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE). A reportagem da Agência Brasil apurou que alguns deles não sabiam o Índice de Educação Básica de seu município.
O indicador é um termômetro da qualidade da educação básica e a principal meta do PDE é elevar esse índice até que o país atinja a média 6 em uma escala de 1 a 10. Os especialistas defendem que a educação só é prioridade no discurso, mas na prática não recebe a atenção que deveria dos gestores municipais.
- É preciso que as pessoas se dediquem um pouco para conhecer a realidade de seu município. Em muitos casos os prefeitos não se envolvem com a educação e os secretários não são dá área, não têm essa vivência - aponta Maria Auxiliadora Rezende, presidente do Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed).
Ela lembra ainda que muitos gestores têm uma formação escolar limitada. - Não é só Ideb, se você for perguntar sobre o IDH [Índice de Desenvolvimento Humano], muitos não sabem - afirma.
O coordenador-geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, Daniel Cara, considera um “problema sério” o prefeito não saber qual é o índice de seu município.
- A população inclusive precisa cobrar desses prefeitos que eles saibam muito bem como está o nível da educação no seu município, mesmo o Ideb tendo problemas - indica.
Maria Auxiliadora acredita que é necessária uma ampla campanha para que a sociedade e os próprios pais possam conhecer o Ideb de sua cidade e da escola em que o filho estuda.
- A gente precisa melhorar muito a prestação de conta para a sociedade, o que os prefeitos estão fazendo com a responsabilidade que lhe deram. É preciso massificar, divulgar o Ideb do município, mostrar o que isso significa, ver o que está sendo feito, uma fiscalização pública - aponta.
Daniel Cara defende que as secretarias municipais de educação precisam de mais autonomia de gestão, o que pode garantir a elas um peso maior dentro da prefeitura.
- Diferente da área de saúde, em que a secretaria tem gestão absoluta pelo seus recursos, na educação não é assim. O que se percebe é que o prefeito acaba entendendo muito mais de saúde porque como o secretario de saúde tem liberdade na gestão o diálogo acontece de igual para igual - explica.
Para a educação ser uma prioridade concreta nas gestões municipais, Maria Auxiliadora acredita ser necessária uma mudança de foco.
- Na hora de escolher o secretário municipal de educação, muitas vezes, o prefeito não coloca alguém que é da área ou que tem o perfil, escolhe algum companheiro do partido. A gente sabe que isso é no país inteiro e o grande desafio é mudar essa lógica. Senão a educação sempre vai ser prioridade porque é chique, porque todo mundo cobra - critica.Extraído de
JB Online
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