MIGUEL ARCANJO PRADO
da Folha Online
Chegou às livrarias neste mês o Novo Dicionário da Língua Portuguesa. O lançamento da Texto Editores traz a grafia das palavras conforme o novo acordo ortográfico feito entre os países de língua portuguesa. O tomo tem 1.654 páginas com 125 mil entradas.
O dicionário, que tem consultoria do filólogo português João Malaca Casteleiro, registra também locuções latinas de uso consagrado e estrangeirismos mais correntes.
O acordo firmado este mês foi resultado de um desejo antigo de unificar a língua falada em Portugal e no Brasil e nos países da África que falam português.
Em 1967, a idéia já fazia parte do 1º Simpósio Luso-brasileiro sobre a Língua Portuguesa Contemporânea, realizado em Coimbra (Portugal).
Entre 1973 e 1975, as duas academias, portuguesa e brasileira, iniciaram discussões para o acordo de unificação ortográfica. A conversa foi retomada em 1986, após proposta feita pelo presidente José Sarney, que incumbiu o filólogo Antônio Houaiss para tratar do assunto.
Na época, houve grande polêmica entre estudiosos do Brasil e de Portugal, já que muitos consideraram radicais propostas como a supressão dos acentos gráficos nas palavras proparoxítonas como árabe, mágoa, lâmpada, amêndoa. Mais uma vez a discussão foi abandonada.
Na década de 90, acadêmicos portugueses e brasileiros e os representantes dos governos dos países africanos de língua oficial portuguesa chegaram a um acordo sobre a unificação da ortografia da língua, numa versão mais moderada do que a de 1986. Mais uma vez, a resistência venceu e, só neste ano, 16 anos após a assinatura do acordo, o tratado entrou em vigor, após aprovação do Parlamento Português.
Principais mudanças
A mudança introduziu oficialmente ao alfabeto da língua portuguesa as letras K W e Y. Também foi uniformizado o uso de minúscula para nomes de povos, meses e estações do ano.
Acentos consagrados foram suprimidos, como na palavra leem (antes grafada "lêem"). Também foi modificado o regime de uso do hífen, como por exemplo, nas palavras antirreligioso (antes "anti-religioso"). Nomes compostos de animais e de plantas continuam levando hífen e também em casos consagrados, como pão-de-ló.
A reforma aceita duplas grafias em algumas palavras, como facto/fato e receção/recepção ou fenómeno/fenômeno e génio/gênio, por exemplo.
No Brasil, algumas palavras perdem acento, como já eram utilizadas em Portugal e nos países africanos de língua portuguesa, tais como os de assembleia, ideia, ou enjoo, abençoo.
O trema também foi abolido. Dessa forma, a grafia correta agora é cinquenta, linguística e sequência.
Nos países de língua africana, forma eliminadas as consoantes mudas, como em ato e ação (antes grafadas como acção e acto).
Para 2009, o MEC (Ministério da Educação) já decidiu modificar a linguagem dos livros didáticos.
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