Cara a cara
Maria Lúcia Vasconcelos, SECRETÁRIA DE EDUCAÇÃO DO ESTADO DE SÃO PAULO
A próxima edição do Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar do Estado de São Paulo (Saresp), exame que foi cancelado em 2005, será aplicada no fim deste ano apenas para alunos de 1ª e 2ª séries do Ensino Fundamental. É o que confirma a secretária estadual de Educação Maria Lúcia Vasconcelos que, em entrevista ao JT, explicou o que mudará na rede estadual de ensino ao longo do ano.
JT - Como as escolas estaduais serão avaliadas? Há mudanças previstas para a gestão Serra?
Maria Lúcia Vasconcelos - Estamos reformulando o Saresp para atender às especificidades das escolas. A partir deste ano, assim como os outros Estados, contaremos com o exame Prova Brasil, do MEC, para avaliar as escolas estaduais, diferentemente de 2006, ano em que optamos por uma avaliação por amostragem. Como não queremos sobrepor uma ação do Saresp com a aplicação de um exame (Prova Brasil), que tem a mesma finalidade educacional, daremos ênfase para a avaliação do processo de alfabetização, o qual acreditamos acontecer nas 1ª e 2ª séries.
Mas, em vez de garantir 2 professores em sala de aula nas turmas iniciais (1ª e 2ª séries), não seria mais importante para a Secretaria de Educação criar medidas para resolver o problema da falta de professor em sala de aula principalmente nas turmas de Ensino Médio?
Uma ação não substitui a outra. Ter um professor a mais nas turmas de 1ª e 2ª séries é justamente uma ação para garantirmos que a alfabetização aconteça de forma positiva. Entretanto, também reconhecemos que a falta de professores, principalmente no Ensino Médio, é um problema crônico e sabemos que temos de começar a fazer um trabalho de resgate da auto-estima e revalorização dos professores.
Quando e como esse trabalho será feito?
O Estatuto do Magistério, que é um pouco perverso do nosso ponto de vista, pois permite ao professor uma série de possibilidades de faltas, o que nos deixa de mão amarrada, tem de ser revisto. No entanto, não é algo que possamos fazer num instalar de dedos. Vale ressaltar que também estamos preocupados com a falta de professores no mercado e me refiro principalmente aos especializados em química, geografia, isto é, nas disciplinas tradicionalmente difíceis para qualquer uma das escolas, seja ela particular, seja ela pública. Não se forma mais professor neste país.
Com a inclusão do programa Ler e Escrever na rede estadual de ensino, o sistema de progressão continuada que consiste na avaliação do aluno por um ciclo de 4 anos irá continuar?
Com a adesão da progressão continuada ficou provado que você tem de colocar a coisa para acontecer para depois avaliar e corrigir. Esse sistema é positivo, mas não podemos perder de vista que o espaço de 4 anos é muito grande para a avaliação. Então, estamos trabalhando para a mudança da avaliação em um ciclo de 2 anos, mas ela não será realizada este ano, pois ainda é preciso que os professores entendam que nós não estamos retrocedendo, mas estamos dando um passo a frente para aperfeiçoar o processo. Será preciso discutir para depois capacitar, pois, se um processo for instalado por decreto, os professores continuarão resistindo.
Extraído de
Jornal da Tarde
12 de janeiro de 2.007
Maria Lúcia Vasconcelos, SECRETÁRIA DE EDUCAÇÃO DO ESTADO DE SÃO PAULO
A próxima edição do Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar do Estado de São Paulo (Saresp), exame que foi cancelado em 2005, será aplicada no fim deste ano apenas para alunos de 1ª e 2ª séries do Ensino Fundamental. É o que confirma a secretária estadual de Educação Maria Lúcia Vasconcelos que, em entrevista ao JT, explicou o que mudará na rede estadual de ensino ao longo do ano.
JT - Como as escolas estaduais serão avaliadas? Há mudanças previstas para a gestão Serra?
Maria Lúcia Vasconcelos - Estamos reformulando o Saresp para atender às especificidades das escolas. A partir deste ano, assim como os outros Estados, contaremos com o exame Prova Brasil, do MEC, para avaliar as escolas estaduais, diferentemente de 2006, ano em que optamos por uma avaliação por amostragem. Como não queremos sobrepor uma ação do Saresp com a aplicação de um exame (Prova Brasil), que tem a mesma finalidade educacional, daremos ênfase para a avaliação do processo de alfabetização, o qual acreditamos acontecer nas 1ª e 2ª séries.
Mas, em vez de garantir 2 professores em sala de aula nas turmas iniciais (1ª e 2ª séries), não seria mais importante para a Secretaria de Educação criar medidas para resolver o problema da falta de professor em sala de aula principalmente nas turmas de Ensino Médio?
Uma ação não substitui a outra. Ter um professor a mais nas turmas de 1ª e 2ª séries é justamente uma ação para garantirmos que a alfabetização aconteça de forma positiva. Entretanto, também reconhecemos que a falta de professores, principalmente no Ensino Médio, é um problema crônico e sabemos que temos de começar a fazer um trabalho de resgate da auto-estima e revalorização dos professores.
Quando e como esse trabalho será feito?
O Estatuto do Magistério, que é um pouco perverso do nosso ponto de vista, pois permite ao professor uma série de possibilidades de faltas, o que nos deixa de mão amarrada, tem de ser revisto. No entanto, não é algo que possamos fazer num instalar de dedos. Vale ressaltar que também estamos preocupados com a falta de professores no mercado e me refiro principalmente aos especializados em química, geografia, isto é, nas disciplinas tradicionalmente difíceis para qualquer uma das escolas, seja ela particular, seja ela pública. Não se forma mais professor neste país.
Com a inclusão do programa Ler e Escrever na rede estadual de ensino, o sistema de progressão continuada que consiste na avaliação do aluno por um ciclo de 4 anos irá continuar?
Com a adesão da progressão continuada ficou provado que você tem de colocar a coisa para acontecer para depois avaliar e corrigir. Esse sistema é positivo, mas não podemos perder de vista que o espaço de 4 anos é muito grande para a avaliação. Então, estamos trabalhando para a mudança da avaliação em um ciclo de 2 anos, mas ela não será realizada este ano, pois ainda é preciso que os professores entendam que nós não estamos retrocedendo, mas estamos dando um passo a frente para aperfeiçoar o processo. Será preciso discutir para depois capacitar, pois, se um processo for instalado por decreto, os professores continuarão resistindo.
Extraído de
Jornal da Tarde
12 de janeiro de 2.007
Comentários