Pular para o conteúdo principal

1 em 3 docentes da rede privada deixaria profissão, diz pesquisa

FÁBIO TAKAHASHI
da Folha de S.Paulo (29/12/2008)

Apesar de atuarem em uma rede de ensino considerada valorizada, 34,6% (um em cada três) dos professores das escolas privadas da cidade de São Paulo afirmam que mudariam de profissão se pudessem.

O percentual refere-se ao total do sistema privado, do infantil ao superior. No ensino fundamental, o percentual chega a 44,7% (quase a metade).

O dado está presente em pesquisa feita pelo Sinpro-SP (sindicato dos professores da rede particular da capital paulista), com 379 docentes da rede (cerca de 1% do total). A amostra foi construída para representar estatisticamente todo o sistema particular da cidade.

O trabalho identificou ainda o porquê de os docentes terem interesse em mudar: 59,7% apontaram desejo por aumento salarial e 31,8% para terem menos desgaste emocional.

"Embora a rede privada seja bem avaliada, ela tem uma diversidade grande. Existem escolas boas; outras, não", afirmou a coordenadora da pesquisa, Maria Sofia de Aragão.

"Há ainda a imagem desgastada e desvalorizada do professor, que vem sendo disseminada há algum tempo e também atinge a rede privada", disse.

Professora de matemática de um tradicional colégio paulistano, onde a mensalidade do ensino fundamental passa dos R$ 1.000, Ana (nome fictício), 30, afirma que uma característica do sistema privado agrava a situação desses professores.

"A escola não quer perder o cliente. Por isso, é normal a direção entrar no conselho de classe e dizer para passar os alunos de ano, senão eles podem mudar de colégio", conta. "É desgastante, nosso trabalho fica desrespeitado. E os que discordam são convidados a passar no RH", relata.

Pais

O estudo afirma que o percentual de professores que desejam mudar de profissão é maior no ensino fundamental porque é a etapa em que há mais pressão dos pais. A conclusão tem como base a análise qualitativa das entrevistas.

"Os professores do ensino fundamental sintomaticamente fazem maior número de referência à mercantilização do ensino e à influência que os pais exercem sobre a escola, resultando em interferência e pressão sobre o trabalho do professor", diz a pesquisa.

Professor de história do ensino fundamental e médio, Marcelo Rito, 36, afirma que a pressão dos pais aparece principalmente quando o estudante fica com notas baixas. "Muitos vêm cobrar. Outros me perguntam: "O que faço com esse menino?". Se o pai não sabe, como o professor vai saber?"

A pesquisa também retratou a perspectiva dos professores para os próximos dez anos da educação. Entre os docentes da educação básica, as respostas mais citadas foram "será mais desvalorizada (23%)", "será mais valorizada" (21%) e "depende de vários fatores" (33%).

Levantamento

A pesquisa do Sinpro-SP usou amostra de 379 professores da rede privada (cerca de 1% do total), para que todo o sistema fosse representado, do ensino infantil ao superior, contemplando faixa etária e região de moradia. A princípio, participaram os docentes que entraram no site. Depois foram enviados e-mails até que o perfil da amostra ficasse completo. O trabalho ocorreu de junho a dezembro de 2007.

Comentários

Postagens mais visitadas na última semana

ENCCEJA 2023

Aplicação do exame será no dia 27 de agosto. De 3 a 14 de abril, os participantes poderão justificar ausência no exame de 2022. O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) publicou, nesta quarta-feira, 15 de março, no Diário Oficial da União (DOU), o Edital n.º 19, de 13 de março de 2023, que dispõe sobre as diretrizes, os procedimentos e os prazos do Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos (Encceja) 2023. A aplicação para o ensino fundamental e médio será no dia 27 de agosto e ocorrerá em todos os estados e no Distrito Federal.

Política de Privacidade

"Política de Privacidade" "Este blog pode utilizar cookies e/ou web beacons quando um usuário tem acesso às páginas. Os cookies que podem ser utilizados associam-se (se for o caso) unicamente com o navegador de um determinado computador. Os cookies que são utilizados neste blog podem ser instalados pelo mesmo, os quais são originados dos distintos servidores operados por este, ou a partir dos servidores de terceiros que prestam serviços e instalam cookies e/ou web beacons (por exemplo, os cookies que são empregados para prover serviços de publicidade ou certos conteúdos através dos quais o usuário visualiza a publicidade ou conteúdos em tempo pré determinados). O usuário poderá pesquisar o disco rígido de seu computador conforme instruções do próprio navegador. O Google, como fornecedor de terceiros, utiliza cookies para exibir anúncios neste site. Com o cookie DART, o Google pode exibir anúncios para seus usuários com base nas visitas feit

18ª OBMEP

18ª Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas - OBMEP Acompanhe através da página OBMEP 06/07/2023 - Confira os gabaritos da 1ª fase 01/02/2023 - Inscrições até 17/03/2023 Promovida pelo Instituto de Matemática Pura e Aplicada (IMPA) , a maior competição científica do país reúne todos os anos mais de 18 milhões de estudantes do 6º ano do Ensino Fundamental ao 3º ano do Ensino Médio. Instituições públicas municipais, estaduais, federais e privadas podem participar. As inscrições são feitas exclusivamente pelas escolas e o prazo vai até 17 de março. A novidade deste ano é o aumento no número de premiações. Além de 8,4 mil medalhas de ouro, prata ou bronze oferecidas em todo o país, serão distribuídas pelo menos outras 20,5 mil medalhas a nível regional. A olimpíada vai conceder ainda o dobro de medalhas para escolas privadas, com o objetivo de incentivar a participação de mais instituições. A nível nacional, serão distribuídas 650 medalhas de ouro, 1.950 de prata e 5.850 b

Lista de blogs relacionados