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Educação feita de extremos

A última aferição do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), avaliação realizada pelo Ministério da Educação (MEC), registra média para os anos finais do ensino fundamental da rede municipal, no Brasil, de 3,4. Em Salvador, porém, é possível encontrar, dentro da própria rede de ensino, números que destoam desta média.

Como destaque positivo, há o Centro Educacional Carlo Novarese, no Largo do Queimadinho, na Caixa D´Água, instituição mantida pela ONG Organização do Auxílio Fraterno (OAF), que atingiu 4,0 na pontuação. No extremo oposto, encontra-se a Escola Municipal de Paripe (subúrbio ferroviário), cuja pontuação ficou em 1,3.

Mazelas como falta de professores, infraestrutura inadequada dos estabelecimentos de ensino, índices ainda altos de repetência e evasão repercutem diretamente no aproveitamento dos alunos. E o “fosso” existente entre as duas instituições é evidente.

Enquanto na escola de Paripe a infraestrutura está nitidamente degradada e se acumulam reclamações, na escola do Queimadinho diversos projetos vêm sendo implementados.

Reclamações – "Aqui, é um chiqueiro. Vive cheio de lixo. O banheiro é imundo e o bebedouro das crianças fica junto ao banheiro", reclama a doméstica Cacilda dos Santos Silva, 30 anos, mãe de dois garotos, de 6 e 9 anos, matriculados pelo primeiro ano na Escola Municipal de Paripe. "Elas estão desaprendendo. Não tem dever de casa. Estou odiando esta escola", desabafa Cacilda dos Santos.

Outra mãe, a diarista Ana Paula do Carmo, 28, reclama que faltou merenda por algum tempo, antes do recesso de meio de ano. Além disso, afirma, as brigas, comuns nesta fase, acontecem sem interferência dos responsáveis. "Bateram na cara do meu filho e, quando reclamei, a professora disse que não podia fazer nada. Ano passado, um garoto entrou com uma faca na mochila dizendo que ia se vingar de um colega", lamenta Ana Paula.

Seja porque não há merenda escolar ou por qualquer outra razão que os pais não sabem explicar, o fato é que eles estão descontentes com o horário de aula. "Deixo minhas filhas às 13h30 e às 15h tenho que pegá-las porque a aula terminou", sintetiza o operador George Santos, 32 anos, que tem duas filhas na escola. "As cadeiras estão quebradas, as salas são desorganizadas e a qualidade do ensino é horrível", desabafa o pai.

Falhas – A diretora, Alcione de Assunção, não tenta esconder a realidade. Ela lamenta que os recursos são insuficientes para atender às necessidades de uma unidade de ensino que tem 1,6 mil alunos nos três turnos. O problema mais grave é uma infiltração, que vai do teto ao andar térreo, e que em períodos chuvosos forma grandes poças d´água. "Quando chove, libero os alunos para evitar acidentes", afirma.

Ela garante que tanto o vazamento quanto a inadequação do banheiro e da localização do bebedouro foram informados à Secretaria Municipal de Educação (Smec). Os obstáculos à aprendizagem não param por aí. Segundo Assunção, os recursos humanos são escassos e é freqüente a falta de material didático e de limpeza. "Tem professor que compra lápis com o próprio dinheiro para emprestar aos estudantes e toma de volta no fim da aula", relata.

A violência também tem marcado o dia-a-dia da Escola Municipal de Paripe. Semana passada, a Ronda Escolar da Polícia Militar precisou ser acionada porque um adolescente de 16 anos estava oferecendo cigarro – não se sabe de que tipo – para um menino de 10 anos. Em outro caso recente, motivado por uma rixa, um estudante do lado de fora do colégio arremessou uma pedra que atingiu a cabeça do seu rival, que estava no interior do estabelecimento de ensino. "Todos esses fatores impedem a aprendizagem", resume a diretora.

Ações – Porém, apesar do desânimo, ela garante que ações estão sendo adotadas pelo corpo docente para mudar essa realidade. Um dos passos é a parceria firmada com uma organização não-governamental vinculada à Igreja Batista dos Estados Unidos. Os voluntários estão transformando uma área cimentada numa quadra poliesportiva, com arquibancada, e montaram um parque infantil fornecido pela Smec há cinco anos, mas que até então não havia funcionado por falta de recursos.

"Outro grande entrave é a falta de interesse dos pais. Apenas 5% acompanham o desempenho dos filhos", lamenta a diretora. Para tentar aproximá-los da escola, estão sendo promovidas palestras para a comunidade, com temas como drogas, sexualidade, violência e o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).

Por sinal, a lei sinaliza: “É dever da família, da comunidade, da sociedade e do poder público assegurar, com absoluta prioridade”, entre outros direitos, educação, para crianças e adolescentes. A obrigação, determinada há 18 anos, teve êxito no que diz respeito ao pleno acesso à educação pública. Contudo, o quesito qualidade exige políticas públicas mais efetivas.

A TARDE On Line

Bahia

27 de julho de 2.008


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