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Provinha maluca

O dia em que uma bruxa trocou professores e levou fantasia a um teste de alfabetização
Beatriz Levischi
Tarde de 30 de abril numa sala de 2ª série em uma escola municipal de São Paulo. “A Bruxa Maluca fez uma confusão no computador e trocou os nomes dos professores. Para tudo voltar ao normal, vocês terão de cumprir uma missão, sem conversar com o colega nem olhar para o lado. Uma fada ficará aqui na sala, junto com a professora trocada, para protegê-los. Ao terminarem, depositem a atividade na caixa mágica. Se todos cumprirem as regras do jogo, serão premiados com uma brincadeira.”

Foi assim, numa mistura de fantasia com trabalho de classe, que começou a aplicação da Provinha Brasil, a ferramenta de avaliação criada pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira e oferecida às redes estaduais e municipais pelo Ministério da Educação (MEC) para determinar o nível em que as crianças estão no processo de alfabetização e balizar ações a fim de melhorar a aprendizagem.

Apesar de o MEC recomendar que todos fossem avisados com clareza de que estavam sendo submetidos a uma avaliação (“O exercício vai ajudar o professor a descobrir o que vocês já sabem e o que ainda precisam aprender”, sugere o material), a história fantasiosa entrou em cena “para não causar estranheza nos pequenos, pouco familiarizados com esse tipo de teste”. Por pouco a iniciativa não desandou. “Eu sei! É a Provinha Brasil!”, gritou um dos alunos. Foi preciso jogo de cintura para disfarçar o mal-estar e voltar à brincadeira de cumprir regras – num verdadeiro samba da bruxa doida.

São Paulo foi um dos 2 mil municípios que (estima-se) aplicaram a Provinha. A Secretaria de Educação optou por realizar o teste de forma aleatória, em poucas turmas de cada escola. As coordenadorias regionais fizeram o sorteio das salas, e os diretores definiram professores substitutos para a realização da atividade, os quais tinham todas as questões em mãos e as liam para os alunos. Estes, por sua vez, dispunham somente de folhas sem os enunciados, com espaço para as respostas.

A leitura da questão “Quantas palavras possui a frase ‘Eu quero uma coxinha’?” arrancou os primeiros suspiros tensos e fez um mar de dedinhos se abaixar e levantar em velocidades variadas, enquanto as crianças contavam no ar. Na hora do ditado de “sorvete”, alguém não se conteve e perguntou (sem obter resposta) se o correto era com “s” ou “z”.

No rostinho das crianças predominava uma mescla de dúvida, tranqüilidade e impaciência. Algumas marcavam duas alternativas na mesma pergunta, apesar de a orientação de que havia apenas uma resposta correta ter sido dada várias vezes. Outras respondiam em voz alta, mas se esqueciam de registrar o que haviam dito no papel. Um terceiro grupo, desobediente e curioso, virava as folhas sem esperar a leitura do enunciado, arriscando palpites com base nas ilustrações.

No final, um sinsalabim quebrou o encanto da Bruxa Maluca e, em meio a gritos empolgados, a escola cumpriu a promessa: brincadeira no pátio. Na fila, todos diziam ter se divertido durante a atividade. Só um menino confessou ter “suado por dentro”, mas um pum distraído deu a entender que outros também haviam se sentido sob pressão.

Revista Nova Escola 213
Junho de 2.008

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