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Estimular para crescer e aprender

Atividades que podem parecer despretensiosas são essenciais para o desenvolvimento motor e cognitivo da criança

Publicado em 18/06/2008 | Flávia Alves

Mais que um espaço de socialização, em que a criança tem a possibilidade de conviver com outras crianças e adultos, a educação infantil é fundamental no desenvolvimento de certas habilidades, como a motora e a cognitiva. Muitas atividades que, em um primeiro momento, parecem despretensiosas podem ser eficientes maneiras de estimular esse desenvolvimento.

Para que o processo aconteça de forma satisfatória, o estabelecimento de educação infantil deve estar preparado. “Os profissionais devem ter conhecimento sobre o desenvolvimento da criança, para que os estímulos sejam suficientes para desenvolver essas habilidades e despertar o interesse pelo aprender”, diz a professora de Psicologia da Educação da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Tânia Stoltz. Segundo ela, esse conhecimento – baseado, inclusive, na ciência e não apenas na prática – é fundamental para saber quais são as necessidades de cada faixa etária e quais são os melhores instrumentos. “Na educação, é necessário alguém que não somente cuide e proteja, mas que, acima de tudo, ensine e eduque.”

A coordenadora da Escola Pirilampo Espacial, Fátima Natividade, considera importante a formação continuada e o planejamento. “Muitas pessoas às vezes não se dão conta da importância da educação infantil, acham que é só brincadeira. Mas na verdade há muito por trás de cada atividade, até mesmo das brincadeiras.”

Fátima explica que os estímulos variam de acordo com a faixa etária, mas que, independentemente da idade, sempre são trabalhados os diferentes tipos de linguagem (oral, musical e corporal, entre outras), a cognição e a habilidade motora. “O que muda é o grau de exigência, o desafio, que vai aumentando com a idade.”

Engana-se quem pensa que as atividades desenvolvidas são mero “entretenimento” para as crianças. Como exemplo, Fátima cita uma delas, realizada recentemente entre os alunos de Nível 2, que têm, em média, 5 anos e estão na última etapa da educação infantil (no ano que vem estarão no ensino fundamental). Após fazer uma pesquisa sobre o espaço, a turma partiu para uma atividade plástica: pintar bolas de isopor, simulando os oito planetas do Sistema Solar. “A criança, mais tarde, em casa, ao ser questionada pelos pais sobre o que fez na escola provavelmente responderá: pintei bolinhas! Mas por trás dessa atividade, há muito conteúdo envolvido”, observa.

Ela afirma que a pesquisa – para saber quais são os planetas, sua ordem no sistema, cores e tamanhos – está ligada à cognição, ao conhecimento. A habilidade motora também é trabalhada durante a pintura. No momento de escolher qual criança pintará determinado planeta é estimulada a convivência em grupo; durante a preparação para a pintura, noções de organização são ensinadas. Cada etapa revela que a atividade não é despretensiosa, apesar de ser encarada de forma prazerosa pelos pequenos.

Alfabetização

Embora não seja meta específica da educação infantil alfabetizar, é nessa etapa que as crianças começam a ter os primeiros contatos com as letras – algumas delas realmente aprendem a ler e a escrever na pré-escola. No entanto, especialistas recomendam calma. “Os adultos precisam conter a ansiedade, porque há o tempo certo. A alfabetização, nessa fase, deve sempre ocorrer de forma lúdica e natural”, diz Tânia.

A mestre em Educação, coordenadora pedagógica e professora do curso de Pedagogia da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), Maribel Manfrin Rohden, alerta que a alfabetização não deve ser colocada à frente, como prioridade da educação infantil. “Nessa etapa do desenvolvimento, há certas habilidades que, se não forem trabalhadas de forma completa, não poderão ser retomadas posteriormente. Por isso, o professor da educação deve ter muito claro quais objetivos pretende alcançar”, adverte.

Avaliação

Para medir se o trabalho está realmente tendo resultados positivos no desenvolvimento da criança, a avaliação é essencial. O educador, porém, deve tomar alguns cuidados nessa hora. “Há ainda a idéia equivocada de que a educação infantil deve ser um preparatório para o ensino fundamental. Muitas vezes a avaliação ocorre nesse mesmo sentido, comparando as crianças entre si e estabelecendo um padrão”, condena a pedagoga e doutora em Educação Elisandra Godoi, autora do livro Avaliação na educação infantil – um encontro com a realidade. Ela considera que o foco deve sempre ser o indivíduo, no sentido de registrar sua evolução e não de classificá-lo e compará-lo com os demais.

Gazeta do Povo

18 de junho de 2.008


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