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Professor que faz cursos não melhora aprendizado

Docentes que estiveram em programa de capacitação não conseguiram que seus alunos tivessem melhor desempenho no Saeb, diz pesquisa

Simone Iwasso

É consenso que o professor precisa estar atualizado para ampliar conhecimentos e aperfeiçoar práticas pedagógicas. É recomendável que a instituição para a qual ele trabalha estimule e, de preferência, forneça oportunidades para isso. No entanto, quando se trata do ensino público, e dos cursos de capacitação oferecidos aos professores dessas redes, a constatação é que eles não estão fazendo diferença no desempenho dos alunos, apesar de geralmente serem divulgados como uma das iniciativas para melhorar o ensino.

O fato aparece no estudo Determinantes do Desempenho Escolar do Brasil, adiantado ontem pelo Estado e que será apresentado hoje no seminário Remuneração, Gestão e Qualidade da Educação, organizado pela Fundação Lemann, pelo Instituto Futuro Brasil e pelo Ibmec São Paulo. “Esses cursos de capacitação não têm influência. Pelos resultados dos alunos no Saeb, esses cursos não aumentaram a eficácia do professor na hora de dar aula”, afirma o economista, Naércio Menezes Filho, autor da pesquisa, cruzamento dos resultados do Sistema Nacional da Avaliação Básica (Saeb).

“Isso quer dizer que os estudantes que tiveram aulas com professores que recentemente passaram por cursos de atualização e capacitação tiveram o mesmo desempenho dos estudantes que tiveram aulas com professores que não fizeram nada disso”, explica Menezes, que é professor do Ibmec São Paulo e da Faculdade de Economia e Administração da USP. “Eles geralmente não são focados. E o professor vai, fica ouvindo sobre várias linhas pedagógicas e no fim não aprende nada que consiga usar”, diz ele.

A falta de foco no ambiente de trabalho do professor de muitos programas é apontada como dificuldade pelo próprio setor da educação. “É muito importante que o professor tenha uma formação contínua, mas que ela tenha como foco o ambiente de trabalho”, afirma Juçara Dutra Vieira, presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE). “Na prática, o professor acaba fazendo muitos cursos fragmentados, tendo muitos certificados e isso não responde aos desafios da sala de aula”, complementa.

Para Maria Lúcia de Almeida, do Centro do Professorado Paulista, o professor recebe cursos formatados e não tem oportunidade de sugerir o que precisa. “Há um descompasso entre quem está fora da escola e pensa o curso e o professor.”

Seja como for, mais do que investimento por aluno ou mesmo salário dos professores, a maior diferença observada na rede pública, segundo Menezes, está numa gestão que cobre resultados e motive os professores. No Rio, uma das escolas apontadas como iniciativas de sucesso pelo Aprova Brasil, do Ministério da Educação, atribui seus bons resultados ao envolvimento de quem ensina.

Nas escolas municipais Minas Gerais, na Urca, na zona sul, e a Madri, em Vila Isabel, na zona norte, com apoio dos diretores, os professores usam a criatividade para tornar as aulas mais interessantes e incentivam a participação em atividades extra-classe. Nas duas escolas, a infra-estrutura física deixa a desejar. “Em termos estruturais, temos todas as mazelas que a escola pública tem”, disse Regina. Por outro lado, acrescenta, os professores conhecem todos os alunos pelo nome e fazem questão que os pais venham à escola quando o rendimento está ruim.

Cada rede organiza seus programas de capacitação, geralmente em parceria com universidades. Este ano, o ministério transferiu a capacidade de formação de docentes da educação básica para a Capes, responsável pelo ensino superior. Além de pretender treinar dois milhões de professores no Universidade Aberta, com aulas de educação à distância.

COLABOROU FABIANA CIMIERI

Extraído de

O Estado de São Paulo

26 de março de 2.007

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