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Mãe, costureira e incentivadora de leitura

Todo sábado, Telma recebe cerca de 15 crianças em sua casa para rodas de leitura, não faltando obras de Jorge Amado, Gonçalves Dias e Manuel Bandeira

MARIA REHDER, maria.rehder@grupoestado.com.br

As tardes de sábado são sagradas para a costureira Telma Evangelista, 39 anos, que reúne mais de 15 crianças na sua casa de dois cômodos no Jardim Nordeste, periferia da Zona Leste, para os encontros do clubinho de leitura, intitulado por ela 'Um brilho no olhar'.

Mãe de 5 filhos, Telma se esforça para arrecadar na vizinhança folhas de sulfite usadas, cujos os versos são reaproveitados para que as crianças do clubinho possam escrever textos e poemas. Já aquelas que ainda não sabem ler e escrever, aproveitam as folhas para representar, por meio de desenhos, as histórias ali contadas. 'Quando decidi criar o clubinho, no início do ano, fui de casa em casa na rua, os pais gostaram da idéia, mas ressaltaram: só não temos dinheiro nenhum para dar.'

Telma, além do grupo fixo, a cada sábado recebe novas crianças que acabam se interessando pelo projeto e passam a ter contato com autores como Jorge Amado, Gonçalves Dias e Manuel Bandeira.

Telma - que em 2006 concluiu o Ensino Médio em uma turma de Educação de Jovens e Adultos (EJA) - se apaixonou pela literatura quando tinha 12 anos. 'Uma professora da 5ª série da Emef Padre Antonio Vieira, onde eu estudava na época, me pediu para fazer resumos de livros. Como não tinha dinheiro para comprar nada, olhei na estante de casa e achei um exemplar de capa dura vermelha, com letras douradas, escrito Jorge Amado. Foi quando li Capitães de Areia e desde então não parei mais de ler.'

A volta para escola

Por causa de problemas financeiros, Telma parou de estudar quando cursava a 8ª série. Seguiu a vida até que, em 2005, surpreendeu-se ao ver que sua filha, Nayara, 12 anos,ao cursar a 5ª série na Emef Padre Antonio Vieira, sua antiga escola, também encontrou uma professora, a Maria Sueli Gonçalves, que a incentivava a ler Jorge Amado.

Ao checar constantemente o caderno da filha, Telma passou a se interessar pelas frases diárias ensinadas pela professora. 'Eram trechos de poemas, coisas lindas. Um dia escrevi no caderno uma mensagem de agradecimento e ela respondeu: venha participar das reuniões literárias.'

Desde então, Telma passou a ajudar a professora Sueli na promoção de encontros literários juvenis na escola, onde pôde escrever e encontrou forças para voltar a estudar. 'Tive de vencer algumas barreiras em casa, pois meu marido não entendia a minha participação nos projetos de leitura, mas consegui voltar a estudar, fundei o clubinho neste ano e agora ele vai fazer banquinhos de madeira para que eu possa acomodar melhor as crianças.'

Entre as dificuldades, Telma destaca o machismo existente na sociedade brasileira. 'Mas os sonhos fazem com que as mulheres superem os desafios. O meu é dar continuidade ao clubinho e quem sabe até prestar vestibular.'

Já para o clube de leitura, os planos de Telma são: arrecadar livros e fazer um esquema de reuniões itinerantes. 'Já combinei com alguns pais que toparam receber o grupo para a realização de reuniões em suas casas. Também queremos fazer passeios à parques e museus.'

Extraído de
Jornal da Tarde
08 de março de 2.007

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