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LONDRES - Um estudo divulgado nesta segunda-feira, 26, nos Estados Unidos afirma que quanto maior o tempo que uma criança passa em uma creche, antes mesmo de entrar no jardim de infância, maior a probabilidade de a criança ter problemas com comportamento agressivo na escola.
A conclusão é da pesquisa publicada na revista Child Development e realizada pelo Instituto Nacional de Saúde Infantil e Desenvolvimento Humano dos Estados Unidos.
O professor de psicologia da Universidade Birbeck de Londres Jay Belsky, diretor do Instituto para Estudo de Crianças, Famílias e Questões Sociais, foi um dos autores da pesquisa.
O estudo analisou 1364 crianças americanas desde o nascimento em 1991 em dez lugares diferentes dos Estados Unidos. Elas foram acompanhadas até os 54 meses de idade.
Os professores destas crianças - quando elas atingiam os 11 anos de idade - relataram que elas tinham problemas de comportamento como "entrarem em muitas brigas", "desobediência" e "muitas discussões".
Os pesquisadores afirmam que as crianças estudadas não eram uma amostra de crianças na população americana. Durante o estudo os pesquisadores mediram a qualidade, quantidade e tipo de cuidados recebidos desde o nascimento até os 54 meses de idade.
O cuidado de crianças nas creches foi definido como o cuidado recebido por crianças vindo de qualquer outra pessoa que não fosse a mãe, agendado com regularidade por, pelo menos, dez horas por semana. Isto inclui o cuidado dispensado por pais, avós e outros familiares.
Os pesquisadores descobriram que, nas primeiras séries da vida escolar, crianças com mais experiências em creches mostraram, aos 11 anos, maior freqüência do que os pesquisadores chamaram de problemas de externalização de comportamento.
Crianças que passaram mais tempo longe das mães nos primeiros anos da infância, em creches ou sob os cuidados de outras pessoas, tiveram mais probabilidade de ter mais ocorrências de relatos de comportamento agressivo, segundo relato dos professores.
Estes relatos de comportamento agressivo ocorriam independentes da qualidade da creche ou dos cuidados dispensados às crianças observadas.
Mas os pesquisadores destacaram que o comportamento destas crianças era considerado normal.
Os autores do estudo sugeriram que a correlação entre creches e problemas de comportamento pode ocorrer devido ao fato de que alguns funcionários de creches não teriam o treinamento adequado e não teriam tempo de cuidar do problema.
Funcionários de creches podem não ser capazes de dar atenção suficiente ou orientação para tratar de problemas que podem ocorrer quando grupos de crianças estão juntos - como resolver conflitos a respeito de brinquedos ou atividades, por exemplo.
"Estas descobertas acrescentam ao crescente corpo de pesquisa que mostra que a qualidade e o tipo de cuidado recebido pela criança no início da vida podem ter um impacto duradouro no desenvolvimento", disse James Griffin, do Escritório de Ciência para pesquisa, do Instituto Nacional de Saúde Infantil e Desenvolvimento Humano dos Estados Unidos.
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