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A receita das escolas-padrão

Embora tenha conseguido vencer o desafio da universalização no acesso ao ensino fundamental, no início da década, o Brasil continua registrando melhoria pífia da qualidade da educação oferecida pela rede pública. Segundo os indicadores sociais que acabam de ser divulgados pelo IBGE, 36,4% dos estudantes que freqüentavam a 8ª série do ensino fundamental, em 2005, estavam em séries atrasadas para suas idades. As falhas do processo educacional também são evidenciadas pelos resultados da Prova Brasil, que em 2005 avaliou o desempenho de 3.306.378 alunos de 40.920 escolas públicas e constatou que 50% deles não são capazes de ler e entender textos mais complexos e de fazer as quatro operações aritméticas.

Por isso, neste momento em que o sistema educacional apresenta um desempenho muito inferior ao necessário num mundo cada vez mais marcado pelo avanço do conhecimento e pela inovação tecnológica, não pode passar despercebida uma importante pesquisa que acaba de ser divulgada, apontando quais são as escolas-padrão do País e qual é a receita de seu sucesso.

Realizado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) em parceria com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), o estudo selecionou 33 colégios municipais e estaduais que, bem colocados na Prova Brasil, destacaram-se por seus projetos pedagógicos e pelo impacto do ensino que oferecem na aprendizagem das crianças. Localizadas em 14 Estados e no Distrito Federal, várias escolas situam-se em bairros pobres, contam com o envolvimento da comunidade em suas iniciativas e desenvolvem práticas ligadas à realidade social e econômica dos alunos.

Os projetos pedagógicos com melhores resultados, segundo o estudo, são os que se destacam por sua simplicidade e criatividade. Uma das constatações mais importantes do trabalho do Unicef e do Inep é que o sucesso alcançado por esses colégios não está necessariamente relacionado à qualidade de sua infra-estrutura nem à disponibilidade de recursos. Algumas escolas formularam bem-sucedidos programas de leituras sem terem biblioteca. Utilizaram rótulos de embalagens de produtos descartados para fazer ditados, nas aulas de português. O mesmo material serviu para ilustrar aulas de matemática. E escolas sem quadra esportiva própria fizeram convênios com quartéis, universidades e colégios particulares.

Embora os 33 colégios estejam situados em diferentes contextos socioeconômicos, eles têm em comum professores empenhados e capacitados, estabilidade do corpo de funcionários administrativos e forte apoio dos pais, principalmente na fiscalização da freqüência, no controle das lições de casa e até na confecção de lanches. A divisão de tortas e bolos trazidos pelos alunos, por exemplo, tornou-se uma forma tanto de preparar as crianças para o convívio social como de ensinar aritmética. “A escola não é um depósito. A família é a base. Se a família não vai à escola, a criança não evolui”, diz Maria Teresa da Cruz, da Escola Casa Meio Norte, em Teresina (PI).

Para a diretora do escritório do Unicef no Brasil, Marie-Pierre Boirier, as informações obtidas pela entidade e pelo Inep a partir da identificação das 33 escolas-modelo não devem ser vistas como uma “receita pronta” para ser imposta a toda rede pública de ensino fundamental, pois cada unidade tem suas especificidades. O mérito da pesquisa, diz ela, é mostrar que é possível elevar a qualidade da educação pública a partir de medidas simples, que tornem os alunos mais responsáveis e exigentes, motivem os professores e envolvam a comunidade não só na formação de conselhos de pais e mestres, mas também nas atividades diárias das escolas.

Como o ensino fundamental é decisivo para melhorar as condições econômicas das famílias, propiciar a emancipação cultural das novas gerações e assegurar a formação de capital humano de que o País necessita para se desenvolver, o trabalho do Unicef e do Inep deve servir de fonte de inspiração para o governo do presidente Lula, que perdeu os quatro anos de seu primeiro mandato com projetos ambiciosos e mirabolantes, em seus objetivos, mas de pouco impacto na aprendizagem dos alunos, como acabam de apontar os indicadores sociais do IBGE.

Extraído de
O Estado de São Paulo
26 de dezembro de 2.006

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