OGLOBO:
Violência ainda assombra o universo infantil
Ciça Guedes
A cena aconteceu há cinco anos. Na parada de Sete de Setembro, em Brasília, Lucas, à época com 4 anos, filho de um sargento da PM, provocou espanto no governo e em entidades de defesa dos direitos das crianças e contra a violência ao desfilar com uniforme da polícia e uma submetralhadora de brinquedo em punho. O então presidente Fernando Henrique mostrou-se surpreso quando viu o garoto armado no desfile. Desde 1997, está em vigência a Lei do Porte de Arma, que proibia comércio, fabricação e porte de imitações de arma, e o governo tentava aprovar a lei proibindo o comércio de armas, o que só aconteceria em 2004.
De lá para cá, as armas perderam espaço no mundo dos pequeninos. Mas bem antes das regras para a fabricação de armas de brinquedo, ainda no fim dos anos 80, presentear crianças com revólveres e espingardas era malvisto. Atualmente, é difícil encontrá-los nas lojas. Segundo a Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos (Abrinq), a produção é tão pequena que não entra nas estatísticas. Perderam espaço para os bonequinhos de super-heróis.
E se a criança transformar outro brinquedo em revólver, ou fizer uma arma com restos de madeira, qual deve ser a atitude dos pais? Para a psicóloga Margarete de Paiva Ferreira, não se deve proibir a brincadeira:
— A expressão de agressividade é importante para o ser humano. É saudável que possa ser expressa na fantasia, nas emoções. A criança precisa aprender a modelar esses sentimentos na vivência social.
Professora da PUC-SP e coordenadora do Existentia-Centro de Orientação e Estudos da Condição Humana, Dulce Critelli concorda que a criança elabora as emoções quando brinca e que não necessariamente desenvolve a agressividade ao usar a arma de brinquedo. Mas acredita que a sociedade deve se preocupar em incentivar outras habilidades nas crianças:
— Os filmes na TV, por exemplo, mostram o uso das armas para a conquista de coisas banais. A brincadeira com arma é uma forma de convocar a agressividade negativa, não ajuda a ensinar a construir o mundo.
Violência ainda assombra o universo infantil
Ciça Guedes
A cena aconteceu há cinco anos. Na parada de Sete de Setembro, em Brasília, Lucas, à época com 4 anos, filho de um sargento da PM, provocou espanto no governo e em entidades de defesa dos direitos das crianças e contra a violência ao desfilar com uniforme da polícia e uma submetralhadora de brinquedo em punho. O então presidente Fernando Henrique mostrou-se surpreso quando viu o garoto armado no desfile. Desde 1997, está em vigência a Lei do Porte de Arma, que proibia comércio, fabricação e porte de imitações de arma, e o governo tentava aprovar a lei proibindo o comércio de armas, o que só aconteceria em 2004.
De lá para cá, as armas perderam espaço no mundo dos pequeninos. Mas bem antes das regras para a fabricação de armas de brinquedo, ainda no fim dos anos 80, presentear crianças com revólveres e espingardas era malvisto. Atualmente, é difícil encontrá-los nas lojas. Segundo a Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos (Abrinq), a produção é tão pequena que não entra nas estatísticas. Perderam espaço para os bonequinhos de super-heróis.
E se a criança transformar outro brinquedo em revólver, ou fizer uma arma com restos de madeira, qual deve ser a atitude dos pais? Para a psicóloga Margarete de Paiva Ferreira, não se deve proibir a brincadeira:
— A expressão de agressividade é importante para o ser humano. É saudável que possa ser expressa na fantasia, nas emoções. A criança precisa aprender a modelar esses sentimentos na vivência social.
Professora da PUC-SP e coordenadora do Existentia-Centro de Orientação e Estudos da Condição Humana, Dulce Critelli concorda que a criança elabora as emoções quando brinca e que não necessariamente desenvolve a agressividade ao usar a arma de brinquedo. Mas acredita que a sociedade deve se preocupar em incentivar outras habilidades nas crianças:
— Os filmes na TV, por exemplo, mostram o uso das armas para a conquista de coisas banais. A brincadeira com arma é uma forma de convocar a agressividade negativa, não ajuda a ensinar a construir o mundo.
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