Xadrez na Escola - Aulas sobre o jogo resultam em notas mais altas notas e melhora no comportamento dos alunos
Ao perceber os benefícios do xadrez no rendimento e no comportamento dos alunos que se sentavam diante do tabuleiro, a diretora da Escola Estadual Clertan Moreira do Vale, em Tupaciguara, região do Triângulo Mineiro, não teve a menor dúvida. As aulas do jogo de origem indiana, até então restritas aos estudantes do turno integral, foram incorporadas à grade curricular e tornaram-se obrigatórias no projeto pedagógico da escola. Assim, há quatro anos, os 880 alunos de turmas do primeiro ao nono ano do ensino fundamental têm aulas de xadrez, com duração de 50 minutos, duas vezes por semana.
Com isso, as aulas de educação física passaram a ser dadas no contraturno. “Como nossa cidade é pequena, os alunos podem almoçar em casa e voltar à tarde para as atividades de educação física”, explica a diretora, Patrícia Andrade. Desse modo, a escola não apenas criou mais conforto para os alunos, que deixaram de ir suados para as salas de aula. Os estudantes passaram a ter uma atividade extra no turno regular. Os resultados positivos com a nova dinâmica do xadrez se traduzem em melhores notas em leitura e em matemática e também no relacionamento com professores e colegas, além da própria família.
“As mudanças trazidas pelo xadrez foram muitas”, afirma a diretora. “Os alunos estão mais concentrados nas atividades de sala de aula, e as notas melhoraram.” Segundo Patrícia, o gosto pelo jogo de tabuleiro é tanto que os alunos aproveitam a hora do recreio para jogar no pátio da escola.
O xadrez chegou à escola pelo professor de educação física Sérgio Ricardo Ferreira, autodidata. Ele se apaixonou pelo jogo aos seis anos de idade. “Aprendi vendo os adultos jogarem”, conta. “Começamos com dois alunos e, atualmente, todos os 300 estudantes do integral participam. Foi uma evolução muito rápida.”
Competições — Há três anos, a escola participa dos Jogos Escolares e sempre conquista medalhas. Em 2015, quatro alunos foram classificados para a etapa regional. “Temos alunos que estão evoluindo muito no raciocínio estratégico exigido para se fazer boas jogadas; daqui a pouco, eu é que serei o aluno deles”, brinca o professor.
Dione Henrique Pereira Santos, 13 anos, aluno do oitavo ano, é um desses aprendizes de sucesso. Ele aprendeu a jogar nas aulas, em 2014, e já começa a colecionar resultados de destaque nas competições escolares. E não é só. O estudante conta que suas notas em matemática melhoraram. “O xadrez é um jogo de inteligência, tem de raciocinar e de pensar estrategicamente”, ensina. “É preciso ficar focado, concentrado, pensando na melhor resolução; aprendi a usar isso na matemática: olho os problemas como um jogo de xadrez e tento chegar ao xeque-mate.”
Em casa, o xadrez permitiu melhorar o relacionamento de Dione com a madrasta. “Depois que saio da escola, jogamos à tarde; ela me vence, às vezes; estamos bem mais próximos.”
Mancala — Em Sabará, cidade histórica, na área metropolitana de Belo Horizonte, o xadrez também repercutiu em notas e comportamento melhores entre os alunos do sexto e do sétimo anos da Escola Estadual Christiano Guimarães. Diante do sucesso do projeto, trabalhado em parceria no ano passado, as professoras Sônia Teodora dos Santos, de matemática, e Cristiane Mendes Pinto Rezende, de educação física, planejam repeti-lo neste ano letivo. Sônia introduziu em suas aulas a mancala (jogo de semeadora), de origem africana, e Cristiane, o xadrez, dois jogos que estimulam o raciocínio lógico.
As professoras promoveram uma competição interna, nas salas, e depois entre as turmas como forma de aumentar o interesse. Ao fim do projeto, os melhores alunos foram premiados com medalhas e avaliados pelas professoras. “Por incrível que pareça, os alunos deixaram de lado os tablets e os celulares para jogar xadrez e mancala”, diz Sônia. “Isso é muito bom para o rendimento matemático porque eles saem do imediatismo das novas tecnologias e aprendem a ter paciência e mais calma, a se concentrar com os jogos de tabuleiros.”
Com duas décadas de experiência em sala de aula, há oito anos a professora de matemática prefere trabalhar, a cada bimestre, com um tipo diferente de jogo. A mancala, segundo ela, permite aos estudantes aprender sobre o plano cartesiano e a contar por agrupamento e aprimorar o raciocínio lógico. Para estimular o aprendizado, os próprios alunos constroem o jogo, com feijões e caixas de ovos. Além do mais, de acordo com a professora, a mancala é uma forma de trabalhar com os alunos, de forma transversal, um pouco da história e da tradição africanas.
Estratégia — O xadrez foi introduzido na escola, nas aulas de educação física, como estratégia para tornar os alunos menos ansiosos. As professoras consideram o retorno muito melhor do que o planejado. “Por isso, pelo menos em um bimestre a cada ano letivo, esse jogo de tabuleiro é adotado como projeto pedagógico”, diz a professora Cristiane, que agora assume como vice-diretora da escola. “Percebemos que o xadrez ajuda na disciplina, na socialização, na concentração, no raciocínio lógico, e isso se reflete em melhores notas e na relação professor-aluno.”
O xadrez, a mancala, o dominó e outros jogos educativos são formas de despertar o interesse dos alunos pela matemática. “Os jogos educativos dão outra qualidade ao ensino da matemática, que deixa de ser aquela disciplina temida e mecânica”, afirma Sônia. “Até o meu relacionamento com os alunos se tornou melhor e mais próximo.”
Rovênia Amorim
Com isso, as aulas de educação física passaram a ser dadas no contraturno. “Como nossa cidade é pequena, os alunos podem almoçar em casa e voltar à tarde para as atividades de educação física”, explica a diretora, Patrícia Andrade. Desse modo, a escola não apenas criou mais conforto para os alunos, que deixaram de ir suados para as salas de aula. Os estudantes passaram a ter uma atividade extra no turno regular. Os resultados positivos com a nova dinâmica do xadrez se traduzem em melhores notas em leitura e em matemática e também no relacionamento com professores e colegas, além da própria família.
“As mudanças trazidas pelo xadrez foram muitas”, afirma a diretora. “Os alunos estão mais concentrados nas atividades de sala de aula, e as notas melhoraram.” Segundo Patrícia, o gosto pelo jogo de tabuleiro é tanto que os alunos aproveitam a hora do recreio para jogar no pátio da escola.
O xadrez chegou à escola pelo professor de educação física Sérgio Ricardo Ferreira, autodidata. Ele se apaixonou pelo jogo aos seis anos de idade. “Aprendi vendo os adultos jogarem”, conta. “Começamos com dois alunos e, atualmente, todos os 300 estudantes do integral participam. Foi uma evolução muito rápida.”
Competições — Há três anos, a escola participa dos Jogos Escolares e sempre conquista medalhas. Em 2015, quatro alunos foram classificados para a etapa regional. “Temos alunos que estão evoluindo muito no raciocínio estratégico exigido para se fazer boas jogadas; daqui a pouco, eu é que serei o aluno deles”, brinca o professor.
Dione Henrique Pereira Santos, 13 anos, aluno do oitavo ano, é um desses aprendizes de sucesso. Ele aprendeu a jogar nas aulas, em 2014, e já começa a colecionar resultados de destaque nas competições escolares. E não é só. O estudante conta que suas notas em matemática melhoraram. “O xadrez é um jogo de inteligência, tem de raciocinar e de pensar estrategicamente”, ensina. “É preciso ficar focado, concentrado, pensando na melhor resolução; aprendi a usar isso na matemática: olho os problemas como um jogo de xadrez e tento chegar ao xeque-mate.”
Em casa, o xadrez permitiu melhorar o relacionamento de Dione com a madrasta. “Depois que saio da escola, jogamos à tarde; ela me vence, às vezes; estamos bem mais próximos.”
Mancala — Em Sabará, cidade histórica, na área metropolitana de Belo Horizonte, o xadrez também repercutiu em notas e comportamento melhores entre os alunos do sexto e do sétimo anos da Escola Estadual Christiano Guimarães. Diante do sucesso do projeto, trabalhado em parceria no ano passado, as professoras Sônia Teodora dos Santos, de matemática, e Cristiane Mendes Pinto Rezende, de educação física, planejam repeti-lo neste ano letivo. Sônia introduziu em suas aulas a mancala (jogo de semeadora), de origem africana, e Cristiane, o xadrez, dois jogos que estimulam o raciocínio lógico.
As professoras promoveram uma competição interna, nas salas, e depois entre as turmas como forma de aumentar o interesse. Ao fim do projeto, os melhores alunos foram premiados com medalhas e avaliados pelas professoras. “Por incrível que pareça, os alunos deixaram de lado os tablets e os celulares para jogar xadrez e mancala”, diz Sônia. “Isso é muito bom para o rendimento matemático porque eles saem do imediatismo das novas tecnologias e aprendem a ter paciência e mais calma, a se concentrar com os jogos de tabuleiros.”
Com duas décadas de experiência em sala de aula, há oito anos a professora de matemática prefere trabalhar, a cada bimestre, com um tipo diferente de jogo. A mancala, segundo ela, permite aos estudantes aprender sobre o plano cartesiano e a contar por agrupamento e aprimorar o raciocínio lógico. Para estimular o aprendizado, os próprios alunos constroem o jogo, com feijões e caixas de ovos. Além do mais, de acordo com a professora, a mancala é uma forma de trabalhar com os alunos, de forma transversal, um pouco da história e da tradição africanas.
Estratégia — O xadrez foi introduzido na escola, nas aulas de educação física, como estratégia para tornar os alunos menos ansiosos. As professoras consideram o retorno muito melhor do que o planejado. “Por isso, pelo menos em um bimestre a cada ano letivo, esse jogo de tabuleiro é adotado como projeto pedagógico”, diz a professora Cristiane, que agora assume como vice-diretora da escola. “Percebemos que o xadrez ajuda na disciplina, na socialização, na concentração, no raciocínio lógico, e isso se reflete em melhores notas e na relação professor-aluno.”
O xadrez, a mancala, o dominó e outros jogos educativos são formas de despertar o interesse dos alunos pela matemática. “Os jogos educativos dão outra qualidade ao ensino da matemática, que deixa de ser aquela disciplina temida e mecânica”, afirma Sônia. “Até o meu relacionamento com os alunos se tornou melhor e mais próximo.”
Rovênia Amorim
FONTE: MEC
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