Um grupo de 120 professores de história, geografia, artes, português e matemática da rede estadual de educação do Espírito Santo volta à sala de aula em 2009 para receber formação em história da África e relações étnico-raciais. Eles participarão do primeiro curso de pós-graduação, nível de aperfeiçoamento, na temática étnico-racial, aberto pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). A formação é prevista na Lei nº 10.639, de 9 de janeiro de 2003.
De acordo com a coordenadora do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros da Ufes, Maria Aparecida Santos Corrêa Barreto, a aula inaugural aconteceu na quarta-feira, 12, em Vitória, mas o primeiro encontro de formação será em fevereiro de 2009. A carga horária é de 200 horas presenciais, que devem ser cumpridas entre fevereiro e novembro do próximo ano.
O currículo construído pela Ufes segue as diretrizes da Lei nº 10.639/2003. Entre os temas que serão abordados por pesquisadores da instituição, professores convidados e militantes do movimento negro nacional nas aulas, estão a literatura africana e afro-brasileira, violência e relações raciais, estudos sobre a África, relações étnico-raciais no Brasil, territórios quilombolas, saúde e grupos étnico-raciais.
Como o interesse pelo curso foi além do número de vagas, Maria Aparecida diz que a Ufes definiu uma série de critérios para a seleção, entre eles, que o professor trabalhe em município que pediu o curso no Plano de Ações Articuladas (PAR), que seja efetivo na rede, com graduação e que tenha interesse na temática étnico-racial. O interesse pela área permitiu, por exemplo, que professores de matemática fossem selecionados.
Para essa pós-graduação, a Universidade Federal do Espírito Santo receberá R$ 150 mil do MEC, por meio do Programa de Ações Afirmativas para a População Negra nas Instituições Públicas de Educação Superior (Uniafro). O recurso é para pagar os professores que darão as aulas e os materiais didáticos e pedagógicos. A secretaria de educação do estado vai custear o transporte, a alimentação e a hospedagem dos cursistas.
Formação nacional – A Ufes integra um grupo de 20 universidades federais e cinco estaduais selecionadas pelo Ministério da Educação para fazer formação de professores da educação básica pública sobre história da África e relações raciais afro-brasileiras. As universidades federais de São Carlos (UFSCar) e do Rio Grande do Sul (UFRGS) foram escolhidas para elaborar materiais didáticos para uso de professores e estudantes na sala de aula. A UFSCar vai produzir livros para o professor e para o aluno das séries finais do ensino fundamental e a UFRGS vai criar um vídeo sobre a história da África. No conjunto, o repasse para os cursos de formação e elaboração de materiais didáticos soma R$ 3,6 milhões. Os recursos por universidade variam de R$ 100 mil a R$ 150 mil.
A maior porcentagem de projetos das universidades é para cursos de 180 horas, valor que Leonor Franco, coordenadora geral de diversidade da Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade do Ministério (Secad), considera ideal para que o professor se aproprie da abrangência da temática. Mas o MEC financia também cursos de 120 horas. Uma parte pequena das instituições apresentou projetos de cursos rápidos, de 60 horas, para sensibilizar os alunos de suas licenciaturas.
Segundo Leonor Franco, o número de pedidos de formação de professores nessa área chega a 68 mil, daí a importância das universidades aderirem ao projeto. “É uma demanda desafiadora que vem de todo o país”, diz. Nos planos de ações articuladas (PAR), que é um planejamento para o período 2007 a 2011, 72% dos municípios pediram o curso.
Ionice Lorenzoni
MEC
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