Documento aponta Portugal como um dos países europeus com piores resultados em abandono escolar e onde menos alunos completam o secundário. Governo não concorda
O secretário de Estado da Educação defendeu que as medidas aplicadas em Portugal nos últimos dois anos melhoraram os números do abandono escolar e de formação de adultos, resultados não reflectidos no mais recente relatório da União Europeia.Segundo um relatório da União Europeia sobre os objectivos para a Educação até 2010, definidos na Estratégia de Lisboa, Portugal é dos países europeus com piores resultados em abandono escolar e onde menos alunos completam o secundário.
De acordo com o documento divulgado quinta-feira, Portugal e Malta são os piores no que refere ao abandono escolar, com taxas de 36,3 por cento e 37,6 por cento, respectivamente.
O relatório revela ainda que o número de adultos portugueses a participar em programas de aprendizagem ao longo da vida é ainda diminuto, estando Portugal longe de alcançar os objectivos traçados pela Estratégia de Lisboa até 2010.
O documento da UE refere que Portugal é também um dos piores países da União em termos de aprendizagem ao longo da vida entre a população dos 25 aos 64 anos.
Em declarações à agência Lusa, Valter Lemos, sublinhou que os resultados reflectidos no documento são relativos ao ano escolar 2005/2006 e estiveram na origem das medidas adoptadas nos últimos dois anos.
Dados não reflectem a «aceleração que se fez nos últimos dois anos
«Só lá está o ano escolar 2005/06, o primeiro ano em que foi lançado o programa Novas Oportunidades e o mesmo vale para o abandono escolar porque foi nesse mesmo ano que lançámos o funcionamento dos cursos educação/formação e a colocação em medidas alternativas. Foi a partir de 2006/07 que o número de alunos começou a aumentar novamente no sistema e, consequentemente, o abandono escolar a diminuir», disse Valter Lemos à Lusa.
De acordo com o secretário de Estado da Educação, os dados não reflectem a «aceleração que se fez nos últimos dois anos».
Relativamente à aprendizagem ao longo da vida, Valter Lemos afirmou que os valores constantes no estudo (4,4 por cento) foram «claramente ultrapassados», existindo actualmente 450 mil pessoas inscritas no programa «Novas Oportunidades», quase 10 por cento da população activa.
«Há claramente ganhos. Não quero desvalorizar os dados porque foram eles que nos levaram a tomar essas medidas, e o conjunto de medidas e políticas que estão no terreno alinham com esses dados», disse.
Valter Lemos admitiu que Portugal continua na «parte inferior da média» europeia em matéria de Educação, mas ressalvou que foi o país que mais progrediu.
«Na questão da literacia e das competências de leitura, por exemplo, estamos à frente da Espanha e da Itália, com resultados médios muito aceitáveis», disse.
Sustentou que a recuperação «está a fazer-se» e que «é preciso continuar a fazer este caminho e se possível intensificar algumas das medidas em curso nestes sectores».
O relatório sobre os sistemas de educação da União Europeia é baseado num conjunto de dezasseis indicadores e cinco valores de referência e «confirma passos lentos mas consistentes» no conjunto da UE através da comparação de 18 países em áreas consideradas chave, como a conclusão do ensino secundário, o abandono escolar, a falta de competências de literacia, formação em matemática, ciências e tecnologias e participação de adultos em programas de aprendizagem ao longo da vida.
IOL Diário - Portugal
11 de julho de 2.008
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