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Camisinha na escola gera polêmica

Governo quer instalar máquinas de preservativos; críticos exigem que iniciativa seja apoiada por projeto pedagógico

milio Sant’Anna

O anúncio da intenção dos Ministérios da Saúde e da Educação de implantar máquinas de camisinhas em escolas públicas, a partir de 2008, abriu um debate entre pais, educadores e até mesmo políticos. O projeto, lançado neste mês, criou um concurso entre alunos dos Centros Federais de Educação Tecnológica (Cefets) para a construção de um protótipo de máquina que será utilizada no próximo ano nas escolas públicas de ensino médio de todo o País.

A previsão dos ministérios é que o projeto seja escolhido até dezembro. O prêmio: R$ 50 mil para a escola vencedora. A construção e a implantação das máquinas fazem parte do programa Saúde e Prevenção nas Escolas, do Ministério da Saúde. De acordo com o Censo Escolar 2005, 17% das escolas públicas de ensino médio estão cadastradas no programa e já recebem uma cota mensal de preservativos para serem distribuídos entre os alunos. Uma das metas do governo é que essa taxa de adesão ao programa suba para 35% das escolas ainda neste ano, mesmo sem a imediata instalação das máquinas de preservativos.

Hoje, cada estudante cadastrado recebe cerca de 30 preservativos por mês com a supervisão de professores e conselheiros. “Algumas escolas ainda não têm um plano pedagógico sobre o assunto”, diz Ivo Brito, assessor técnico do programa de DST/Aids do Ministério da Saúde. Ele diz que os professores precisam ser capacitados para integrar o programa.

Para o senador e ex-ministro da Educação Cristovam Buarque (PDT-DF), o plano de implantar máquinas de camisinhas na rede pública é superficial e não toca na questão fundamental: a conscientização dos adolescentes. “O problema não é a falta de dinheiro para a compra de preservativos, mas a falta de educação sexual.” O senador diz temer os efeitos que o contato direto de crianças e adolescentes com as máquinas poderia trazer. “Temo que isso estimule a iniciação sexual precoce dessas crianças.”

EDUCAÇÃO

A forma de distribuição das camisinhas pelas máquinas - fichas ou senhas, por exemplo - ainda não foi definida. Certo, por enquanto, apenas a garantia dos ministérios de que o projeto será acompanhado de um programa de educação sexual.

Para a pedagoga e presidente da Associação para a Prevenção e o Tratamento da Aids (Apta), Teresinha Pinto, as máquinas de preservativos serão bem-vindas. Mesmo assim, ela faz a ressalva de que só serão úteis dentro de um projeto pedagógico maior. “A riqueza do projeto não está na máquina pronta, mas no processo na discussão saudável que isso irá gerar”, afirma. “Um projeto sobre sexualidade na escola implica na discussão do tema com os pais e professores.”

Pai de um garoto de 13 anos, Sebastião Batista de Lima sabe que está na hora de conversar sobre prevenção com seu filho. No entanto, se diz contrário às máquinas nas escolas. “Isso já é constrangedor para um adulto, imagine para ele”, diz.

Ginecologista do ambulatório de sexualidade do Hospital São Paulo, da Unifesp, Carolina Carvalho não concorda que a presença da máquina nas escolas possa antecipar a iniciação sexual dos adolescentes. “A iniciação desses jovens já está acelerada, eles têm as relações cada vez mais cedo”, diz.

A médica sugere que as máquinas de preservativos sejam instaladas em locais reservados, como os sanitários. “O adolescente sabe que deve usar a camisinha, mas o que atrapalha é a timidez e uma certa desinformação”, diz.

A mesma opinião tem Janaina Firmino, voluntária em uma associação de educação sexual e membro da Pastoral da Juventude, em Ceres, interior de Goiás. “Quanto mais o governo disponibilizar preservativos, fica mais fácil fazer a prevenção”, diz. No entanto, segundo ela, na pastoral esse assunto ainda não foi discutido. “Ainda não sentamos para conversar”, diz.


NÚMEROS

17% das escolas públicas
de ensino médio no Brasil fazem parte do programa Saúde e
Prevenção nas Escolas, do Ministério da Saúde

35% é a meta
estipulada para este ano, ainda sem a instalação das máquinas de camisinhas. Por mês, cada aluno cadastrado recebe em média 30 preservativos 300milhões de camisinhas
devem ser distribuídas entre os alunos, incluindo as escolas particulares, quando o projeto estiver completamente em Funcionamento

R$ 50mil é a premiação
prevista para o grupo que criar o melhor protótipo da máquina de camisinhas. Concorrem alunos dos Cefets


Extraído de

O Estado de São Paulo

01 de fevereiro de 2.007

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