MARIA REHDER, maria.rehder@grupoestado.com.br
A professora Regina Valéria dos Santos atuou por 20 anos em escola pública sem ter qualquer motivação para cursar pedagogia ou buscar outro recurso de aprimoramento. É difícil acreditar, mas foi essa mesma educadora a responsável pela criação de uma nova proposta pedagógica para a Emei Zilda de Frasceschi, Zona Oeste.
Hoje, prestes a completar 30 anos de carreira, Regina conta que foi a coragem de ousar que a fez ter prazer em dar aulas por meio da introdução de uma pedagogia baseada na liberdade. “Confesso que comecei a dar aulas por acaso. Acreditava que não seguiria a profissão por muito tempo e por isso acabei não cursando pedagogia.”
No entanto, os anos foram passando e nada de Regina abandonar a sala de aula. “Tudo mudou quando tive de assumir uma turma de período integral na Emei Zilda de Franceschi, onde, das 11 h às 15 h, receberia alunos de um turno anterior e outros que ficariam na escola por mais tempo.”
A professora, então, decidiu mudar sua maneira de lecionar. “Não queria que os alunos tivessem as mesmas atividades do turno anterior.” E foi neste contexto que, há 7 anos, Regina levou para a direção da Emei uma nova proposta pedagógica. “Alunos de idades diferentes fariam atividades em conjunto, nada poderia ser imposto às crianças e os móveis da sala ficariam dispostos de uma maneira que possibilitasse o movimento e permitisse ter grupos de alunos realizando diferentes atividades em uma mesma sala e, principalmente, os professores de outros turnos não poderiam repetir suas atividades”, explica.
Houve certa resistência dos pais no início do projeto, mas aos poucos os próprios alunos mostraram que podiam trabalhar com colegas de diferentes idades, com autonomia em aula. “Eu não busquei esse modelo pedagógico em nenhum livro. Essa idéia partiu da minha realidade de sala de aula.”
No ano passado, a professora Regina adotou essa proposta nos turnos regulares. “Os alunos que ficam apenas um período na escola também gostaram de ter uma sala de aula diferente e de ter liberdade para escolher suas atividades. Sempre os colocava em uma roda e discutíamos o que seria feito. É por isso que nunca tive problema, pois essa liberdade garantiu o envolvimento deles nas atividades.”
Para 2007, Regina afirma que a escola dará continuidade a essa proposta tanto por meio de turmas de turnos regulares como de integral. “Posso dizer que dos 30 anos de carreira, há apenas 10 passei a ter prazer no que faço.”
Abordagem Reggiana
Segundo Marisete de Baros Nardone, diretora da Emei Zilda de Franceschi, a proposta da professora Regina tem muitas características da pedagogia de Reggio Emilia, cidade do norte da Itália. “Após a 2ª Guerra mundial, mulheres daquela região decidiram construir uma escola para seus filhos por meio de doações. A iniciativa deu tão certo, que a própria comunidade acabou participando de forma ativa da gestão escolar, o que levou a criação de uma pedagogia baseada no relacionamento das pessoas”, explica Marisete.
E, segundo ela, é essa participação de todos atrelada ao relacionamento aberto com as crianças e à diversidade de atividades em aula os fatores que aproximam a linha pedagógica da Emei Zilda de Franceschi ao modelo reggiano de educação. “Não foi o sistema de Reggio Emília que nos inspirou, mas sim uma proposta pedagógica que nasceu das necessidades da nossa escola que tem dado muito certo”, diz.
A liberdade de atuação dos educadores tem feito a diferença na Emei Zilda de Franceschi. “A cada ano discutimos e tentamos novas propostas pedagógicas. Se uma não dá certo, partimos para outra.”
A PEDAGOGIA DA PROFESSORA REGINA
Trabalhar com crianças de idades diferentes na mesma turma
Sala de aula com disposição diferenciada do mobiliário
Não repetir as atividades pedagógicas em turnos diferentes
Pensar no longo prazo, pois mesmo se um projeto der certo em um ano letivo, este não poderá ser desenvolvido no próximo ano, pois o professor que adota esta pedagogia trabalha com alunos de diferentes idades que podem vir a ter aula novamente com ele no ano seguinte
Trabalhar com computador, televisão e vídeo em uma mesma sala de aula
Aproximar os pais do processo pedagógico de seus filhos
Não impor as atividades aos alunos. Dar a eles liberdade de
escolha durante a aula
Criar uma gestão democrática
Extraído de
Jornal da Tarde
Opinião
24 de janeiro de 2.007
A professora Regina Valéria dos Santos atuou por 20 anos em escola pública sem ter qualquer motivação para cursar pedagogia ou buscar outro recurso de aprimoramento. É difícil acreditar, mas foi essa mesma educadora a responsável pela criação de uma nova proposta pedagógica para a Emei Zilda de Frasceschi, Zona Oeste.
Hoje, prestes a completar 30 anos de carreira, Regina conta que foi a coragem de ousar que a fez ter prazer em dar aulas por meio da introdução de uma pedagogia baseada na liberdade. “Confesso que comecei a dar aulas por acaso. Acreditava que não seguiria a profissão por muito tempo e por isso acabei não cursando pedagogia.”
No entanto, os anos foram passando e nada de Regina abandonar a sala de aula. “Tudo mudou quando tive de assumir uma turma de período integral na Emei Zilda de Franceschi, onde, das 11 h às 15 h, receberia alunos de um turno anterior e outros que ficariam na escola por mais tempo.”
A professora, então, decidiu mudar sua maneira de lecionar. “Não queria que os alunos tivessem as mesmas atividades do turno anterior.” E foi neste contexto que, há 7 anos, Regina levou para a direção da Emei uma nova proposta pedagógica. “Alunos de idades diferentes fariam atividades em conjunto, nada poderia ser imposto às crianças e os móveis da sala ficariam dispostos de uma maneira que possibilitasse o movimento e permitisse ter grupos de alunos realizando diferentes atividades em uma mesma sala e, principalmente, os professores de outros turnos não poderiam repetir suas atividades”, explica.
Houve certa resistência dos pais no início do projeto, mas aos poucos os próprios alunos mostraram que podiam trabalhar com colegas de diferentes idades, com autonomia em aula. “Eu não busquei esse modelo pedagógico em nenhum livro. Essa idéia partiu da minha realidade de sala de aula.”
No ano passado, a professora Regina adotou essa proposta nos turnos regulares. “Os alunos que ficam apenas um período na escola também gostaram de ter uma sala de aula diferente e de ter liberdade para escolher suas atividades. Sempre os colocava em uma roda e discutíamos o que seria feito. É por isso que nunca tive problema, pois essa liberdade garantiu o envolvimento deles nas atividades.”
Para 2007, Regina afirma que a escola dará continuidade a essa proposta tanto por meio de turmas de turnos regulares como de integral. “Posso dizer que dos 30 anos de carreira, há apenas 10 passei a ter prazer no que faço.”
Abordagem Reggiana
Segundo Marisete de Baros Nardone, diretora da Emei Zilda de Franceschi, a proposta da professora Regina tem muitas características da pedagogia de Reggio Emilia, cidade do norte da Itália. “Após a 2ª Guerra mundial, mulheres daquela região decidiram construir uma escola para seus filhos por meio de doações. A iniciativa deu tão certo, que a própria comunidade acabou participando de forma ativa da gestão escolar, o que levou a criação de uma pedagogia baseada no relacionamento das pessoas”, explica Marisete.
E, segundo ela, é essa participação de todos atrelada ao relacionamento aberto com as crianças e à diversidade de atividades em aula os fatores que aproximam a linha pedagógica da Emei Zilda de Franceschi ao modelo reggiano de educação. “Não foi o sistema de Reggio Emília que nos inspirou, mas sim uma proposta pedagógica que nasceu das necessidades da nossa escola que tem dado muito certo”, diz.
A liberdade de atuação dos educadores tem feito a diferença na Emei Zilda de Franceschi. “A cada ano discutimos e tentamos novas propostas pedagógicas. Se uma não dá certo, partimos para outra.”
A PEDAGOGIA DA PROFESSORA REGINA
Trabalhar com crianças de idades diferentes na mesma turma
Sala de aula com disposição diferenciada do mobiliário
Não repetir as atividades pedagógicas em turnos diferentes
Pensar no longo prazo, pois mesmo se um projeto der certo em um ano letivo, este não poderá ser desenvolvido no próximo ano, pois o professor que adota esta pedagogia trabalha com alunos de diferentes idades que podem vir a ter aula novamente com ele no ano seguinte
Trabalhar com computador, televisão e vídeo em uma mesma sala de aula
Aproximar os pais do processo pedagógico de seus filhos
Não impor as atividades aos alunos. Dar a eles liberdade de
escolha durante a aula
Criar uma gestão democrática
Extraído de
Jornal da Tarde
Opinião
24 de janeiro de 2.007
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