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Falência de faculdades

Estudo prevê falência de faculdades, revelam consultorias

Agência Estado


O ciclo de crescimento do ensino superior privado acabou, ao menos no ritmo e na intensidade registrada nos últimos dez anos. O cenário, a partir de agora, principalmente para as instituições mais novas e com menos alunos, é enfrentar uma sucessão de fusões, incorporações e falências. Junto com isso, o próprio perfil de parte das faculdades deverá mudar para atender a um tipo crescente de estudante, vindo das classes C e D. As constatações, e previsões, fazem parte de um estudo desenvolvido por três consultorias da área educacional, intitulado Análise Setorial do Ensino Superior Privado no Brasil - Tendências e Perspectivas 2005-2010, que será divulgado quarta-feira, em São Paulo, num fórum educacional.

As perspectivas traçadas não são mais tão animadoras e indicam uma fase de consolidação de um mercado relativamente novo no País. Em 1997, por exemplo, havia 505 mil vagas para 392 mil alunos ingressantes. Em 2003, foram 1,721 milhão de vagas e 995 mil alunos. Ou seja, enquanto a oferta cresceu 241%, a demanda aumentou apenas 154% - o que faz com que hoje, em 2005, 42% das vagas estejam ociosas. Isso porque, das 1.762 instituições privadas que existem hoje, 998 foram criadas nos últimos seis anos - a maior parte delas, 935, têm menos de 500 alunos. E são essas as que correm mais riscos para continuarem funcionando.

"Podemos dizer que nos próximos três anos, de 400 a 500 instituições vão fechar as portas. Não quer dizer que todas vão decretar falência. Parte vai realmente fechar, algumas vão ser incorporadas por outras maiores, passando a carteira de alunos", afirma Ryon Braga, presidente da Hoper Educacional, uma das consultorias que fez o estudo, ao lado da CM Consultoria e da Ideal Invest. Ainda incipiente, as mudanças já acontecem. Ele cita os exemplos de fusões ocorridas no Centro Universitário Anhanguera, que recebeu recursos do Fundo de Investimentos do Banco Pátria, da compra das faculdades IESD e FAD pela Uniderp em Mato Grosso e a aquisição das Faculdades Metropolitanas de Londrina, no Paraná, pelo Iesb de Brasília, além da fusão entre as faculdades Hoyler e Spei em Curitiba. São exemplos de instituições pequenas, pouco conhecidas, mas que passaram a formar alunos de graduação nos últimos anos.

O descompasso se explica pelas mudanças ocorridas a partir da gestão do ex-ministro Paulo Renato, no governo do presidente Fernando Henrique Cardoso. A partir de 1995, as regras para abertura de instituições tornaram-se mais flexíveis e, em 1999, foi regulamentada a lei que permitiu faculdades com fins lucrativos. Além disso, com a expansão do ensino fundamental, aumentou o número de formandos do ensino médio, prontos para tentarem uma graduação. De olho em uma demanda reprimida de alunos, que disputava as vagas em vestibulares concorridos, muitos empresários resolveram abrir cursos e o País registrou um grande crescimento de instituições privadas. Mesmo no atual governo, que adotou uma atitude mais restritiva para a abertura, cerca de 90 instituições foram autorizadas.

Esgotamento

A disputa pelo aluno, além da falência, traz outra conseqüência para o ensino superior. "O tempo do dinheiro fácil, do aluno fácil, acabou. Antes, as instituições só pensavam no aluno da classe A e B, que era quem conseguia fazer faculdade. Agora, parte delas começa a fazer projetos para a classe C e, em breve, classe D, que até pouco tempo não chegava à faculdade", explica o consultor Carlos Monteiro, da CM Consultoria.

"Com isso, você tem um novo perfil de aluno, menos exigente, com senso crítico diferente do aluno tradicional e com problemas de formação", diz. Desse modo, algumas faculdades estão tentando um perfil mais "popular", buscando um aluno que pode pagar mensalidades mais baratas e não passaria em um processo concorrido de seleção. Mesmo nesse caminho, há dificuldades. Isso porque a média das mensalidades, que baixou nos últimos anos por causa dessas novas instituições, está em torno de R$ 467 - e alunos de classe C não conseguem pagar nem cerca de R$ 300.

"Há uma grande demanda ainda, mas de pessoas que não têm condições de pagar. O grupo que suporta o preço já se estabilizou. Temos de buscar formas alternativas de financiamento, seja privado ou público, como o Fies e o ProUni", diz o presidente das entidades mantenedoras de estabelecimentos de ensino superior de São Paulo (Semesp), Hermes Ferreira Figueiredo. "A tendência é as escolas focarem no seu público. Como o Ibmec, por exemplo, que abriu um curso que prezou pela qualidade para alunos bem preparados que poderiam pagar. E outras, que buscam alunos da classe C, com menos exigência", diz o presidente da Associação Brasileira das Mantenedoras de Ensino Superior (Abmes), Gabriel Mário Rodrigues, reitor da Universidade Anhembi-Morumbi, uma das que optaram por cursos rápidos e diferentes dos tradicionais

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